quarta-feira, 12 de junho de 2013

Resultado das Eleições


Caros colegas, docentes e investigadores do ISCTE-IUL,

Gostaríamos de manifestar a nossa satisfação pela forma tranquila e participada como decorreram as eleições.

Em resultado dos votos obtidos, a Lista D elegeu 8 dos 17 representantes dos docentes e investigadores no Conselho Geral.

Esta expressiva votação indica que as propostas que apresentamos encontram eco nas preocupações de uma parte muito significativa dos colegas. A confiança com que nos mandataram dá-nos uma grande satisfação mas também um enorme sentido de responsabilidade.

A todos os colegas, gostaríamos de reiterar o nosso propósito de sermos fiéis aos princípios que defendemos no manifesto e nos comunicados que emitimos durante a campanha eleitoral.

As propostas que apresentámos traduzem a forma aberta, participada, transparente, responsável e colaborativa como encaramos a vida universitária.

Para concretizar essas propostas apelamos à vossa participação empenhada. Manifestamos a nossa vontade de colaborar com todos os membros do Conselho Geral que representam os diversos corpos – docentes e investigadores, funcionários, estudantes e futuramente os membros externos cooptados – no sentido de encontrarmos as melhores respostas para os desafios que o ISCTE-IUL enfrenta.

Nesse sentido, contamos com todos vós para que nos transmitam sugestões, críticas, propostas e contributos, tendo em vista melhorar o funcionamento do ISCTE-UL.

Agradecemos o vosso contacto, directamente com os membros e subscritores da lista, através de email listad.conselhogeral2013@iscte.pt ou do blog http://universidadecriativa.blogspot.pt/.

Os elementos da Lista D

quarta-feira, 5 de junho de 2013

O Que Deve Mudar? Por um Projeto Coletivo, Participado e Interdisciplinar

1. A eleição de 6 e 7 de Junho para o segundo mandato do Conselho Geral deve abrir caminho à mudança no sentido de maior democraticidade, transparência e envolvimento dos docentes e investigadores na definição estratégica e na governação do ISCTE-IUL. Estamos firmemente convictos de que estas são condições essenciais para reforçar a nossa mobilização e empenhamento na construção de um sólido projeto de futuro, que todos desejamos.

A forma como a atual equipa reitoral tem desvalorizado o CG, evitando que as questões de fundo sejam aí tratadas, teve a sua mais recente manifestação no arranque de um processo de definição estratégica promovido por uma entidade externa, e traduzido num conjunto de slides com muito poucas novidades, precisamente quando o atual CG está a concluir o seu mandato.

2. Não devemos encarar os grandes desafios que se colocam hoje ao ISCTE no plano nacional (em particular, a reestruturação universitária em Lisboa) e internacional (a integração europeia, a lusofonia, a globalização...) como ameaças, mas antes como oportunidades que importa explorar.
É nossa convicção que a resposta exige uma visão estratégica partilhada de médio e longo prazo, que fomente o conhecimento e respeito mútuos, a coesão, o sentido de comunidade e promova dinâmicas de cooperação interdisciplinar.

O ISCTE-IUL reúne competências e capacidades em Ciências Sociais, em Gestão, em Sociologia e Políticas Públicas e em Tecnologias e Arquitetura, reconhecidas nacional e internacionalmente. São muitas e prometedoras as oportunidades de cooperação entre estas áreas. É imperativo concretizá-las em programas de investigação, de ensino (em particular de 2º ciclo) e na prestação de serviços, especialmente em áreas de ponta ou como resposta a necessidades sociais.

O progresso e a afirmação da identidade própria do ISCTE no quadro da Universidade portuguesa passarão pelo aproveitamento e articulação destas valências. Este é, cremos, o nosso maior desafio, o mais estimulante e mobilizador.

3. Para podermos chegar a bom porto necessitamos de espaços de diálogo genuíno, de um clima institucional favorável e de lideranças que, a todos os níveis, estejam apostadas nesse desígnio e sejam capazes de o promover.

Nesse sentido, consideramos vital a introdução e/ou alteração de modos de proceder assim como de regras institucionais (incluindo a alteração dos Estatutos do ISCTE-IUL, onde for necessário), para permitir conciliar a descentralização de competências, a comunicação, a interação e a participação, a transparência e a eficácia, nomeadamente:

•    a eleição dos diretores das Escolas, dos Departamentos e das UIs, pelos respetivos membros;
•    a atribuição às Escolas de competências e poderes, no respeito de regras comuns para todas, em matéria de distribuição de serviço docente, de contratações, de distribuição das vagas para progressão na carreira, de aplicação do modelo de perfis, ouvidos os Departamentos e as UIs, reportando os diretores dos Departamentos e das UIs aos Diretores de Escolas e estes ao Reitor;
•    a instituição de plataformas de divulgação e troca de informação, bem como de incentivos à cooperação entre diferentes UIs no desenho de projetos comuns a nível nacional e europeu;
•    o encorajamento de programas de ensino transdisciplinares;
•    a participação direta das Escolas, Departamentos e UIs em todas as decisões com implicações de natureza estrutural;
•    a avaliação dos métodos de avaliação de desempenho;
•    a auscultação de docentes e investigadores sobre como melhorar as suas condições de trabalho.

Defendemos igualmente uma avaliação objetiva do regime fundacional e o reforço da transparência na gestão, das entidades participadas e do próprio ISCTE-IUL.

O Conselho Geral, como órgão de orientação estratégica, deve estimular este processo de debate, de construção de convergências e de clarificação das práticas institucionais de acordo com princípios democráticos de participação.

É na defesa destes princípios que se baseia o nosso apelo à participação de todos os colegas no ato eleitoral.

A falácia da experiência e a exigência da renovação

Aproximando-se o fim da campanha, que certamente beneficiou da reflexão sobre questões essenciais promovida pela lista D, não queremos deixar de fazer uma forte chamada de atenção relativamente a ações de desinformação que foram utilizadas. 

Referimo-nos concretamente à superior experiência e preparação para o exercício de poder, autoproclamado pela lista I, acompanhada do uso de argumentos primários, como a incapacidade do ISCTE-IUL poder assegurar o pagamento dos salários e das despesas correntes de funcionamento, caso a lista D vencesse as eleições para o Conselho Geral.

A asserção da experiência é, e foi sempre, uma estratégia – não democrática – de preservação do poder pelos seus detentores através da minimização das capacidades dos concorrentes.

Neste caso concreto, o argumento é falacioso e desmontável por várias razões:

1º - As demissões do pró-Reitor e do Vice-Reitor para a área de investigação, independentemente das interpretações que delas se façam, tiveram como consequência direta uma evidente redução do capital de experiência e um enfraquecimento da equipa reitoral atual.

2º - Todos os cargos com funções deliberativas e executivas no ISCTE – à exceção do cargo do Reitor – são preenchidos por nomeação do Reitor (menos o CC). A preservar-se o statu quo, as atuais equipas dirigentes, aos vários níveis, podem eternizar-se, barrando precisamente o acesso à obtenção de experiência pelos concorrentes. Perpetuar esta situação torna-se muito grave para o futuro. Nós entendemos que é crucial mudar as doutrinas dominantes e alterar as práticas vigentes. Só com uma participação mais alargada e a emergência de outros protagonistas isso poderá acontecer.

3º - Não é somente a experiência que é importante, mas também o que com ela se fez. São os resultados e os métodos que devem ser aferidos. Para demonstrar os primeiros, deve ser feita uma avaliação séria em comparação com os resultados obtidos pelas universidades nacionais de referência nestes últimos 8 anos. Quanto aos segundos, caracterizaram-se pela centralização e concentração de informação e decisões, avessas aos princípios democráticos básicos e limitadoras da evolução e do desenvolvimento da instituição.

4º No domínio da sustentabilidade, a capacidade para aumentar as receitas próprias do ISCTE não constitui uma competência específica da equipa dirigente. A solução para os desafios da sustentabilidade do ISCTE depende de uma participação mais livre e empenhada dos docentes, investigadores e funcionários na conceção e desenvolvimento de novos projetos de ensino, de investigação e de transferência de conhecimento, de acordo com regras que sejam claras e transparentes. O que pressupõe uma nova aproximação, profundamente distinta da prática centralista e burocratizante com que a lista I se assume comprometida para o futuro.

5º - A presente campanha refere-se a uma eleição para um órgão de carácter colegial, cujas competências são de definição do desenvolvimento estratégico e de supervisão do ISCTE –IUL, e não se reduz à eleição de um Reitor de 4 em 4 anos.  Este processo é aliás demorado e exige a observância de regras e procedimentos consignados na lei.
 

 De facto, de acordo com a legislação e os estatutos do ISCTE-IUL, o processo de eleição do Reitor “inclui, designadamente: a) o anúncio público internacional da abertura de concurso; b) a apresentação de candidaturas; c) a audição pública dos candidatos, com apresentação e discussão do seu programa de ação; d) a votação final do conselho geral, por maioria, por voto secreto” (RJIES, artigo 86.º, nº 2).
 

Os eleitos da Lista D comprometem-se a cumprir a lei e a avaliar todas as candidaturas a Reitor do ISCTE-IUL, respeitando escrupulosamente o princípio da igualdade de tratamento dos candidatos e das suas propostas.
 

Assim, a lista D não pode deixar de denunciar a invocação do argumento da experiência, e a exploração da insegurança, que objetivamente visam limitar a renovação e a participação democrática dos docentes e investigadores do ISCTE-IUL no processo de decisão.

segunda-feira, 3 de junho de 2013

Trabalhar na Academia: Criatividade

A carreira académica foi para a esmagadora maioria dos docentes e investigadores uma opção deliberada e uma vocação.

Não foi apenas uma oportunidade de emprego, foi uma escolha de vida. Implica ao mesmo tempo um exercício de afirmação de autoria individual, mas também de intenso intercâmbio, com colegas e alunos e de participação útil nas dinâmicas da sociedade.

Aspiramos a uma realização intelectual que se desdobra em múltiplos planos: estudar, ensinar, aprender sempre, investigar, descobrir, debater ideias, contribuir para a transmissão de conhecimento.

Queremos ajudar a abrir o pensamento a novas visões, através de uma verdadeira criatividade intelectual, portadora de mudança e de esperança.

Orgulhamo-nos por contribuir para a formação de pessoas que sabem pensar, que adquirem apetrechos para uma vida profissional compensadora, que se assumem como cidadãos com sentido de responsabilidade para com a comunidade.

Gostamos da diversidade de um trabalho em que somos mestres e aprendizes, e não tememos as tarefas de gestão e organizativas, quando bem doseadas. E queremos participar na gestão democrática da nossa instituição.

Desejamos acolher colegas mais jovens para partilhar o nosso trabalho e discutir as nossas ideias, pois tememos a esclerose de uma instituição não renovada.

Pensar, estudar, escrever exigem tempo e concentração. A universidade deve facultar-nos essas condições. A criatividade precisa delas. O trabalho bem feito exige-as.

O excesso de tarefas administrativas, a fragmentação do tempo de trabalho, a permanente instabilidade organizacional, a insuficiência de apoio técnico, a complicação desnecessária e a tortuosidade burocrática, a escassez de participação no que nos diz respeito, são decididamente nossos inimigos.

Nestas matérias, o ISCTE tem de mudar de rumo urgentemente. E nós propomo-nos contribuir para a busca de soluções e de caminhos, com imaginação e auscultação de todos.

Identidade científica e responsabilidade social

Uma das principais opções estratégicas, no momento de pôr o ISCTE-IUL em conformidade com o RJIES, foi a de constituir um Instituto universitário vocacionado para a investigação. Depois de uma etapa de instalação organizacional e material, impõe-se agora passar à etapa de uma definição mais precisa da identidade científica do Instituto.
 

Identidade científica quer dizer um conjunto coerente e convincente de grandes eixos, com temáticas de forte impacte público, que dê expressão a um compromisso claro do ISCTE-IUL perante a sociedade: tirar o maior proveito possível das sinergias entre os seus diversos sectores, e mobilizar investigadores, estudantes, docentes e funcionários para o avanço do conhecimento e para o desenvolvimento de capacidades de acção em determinados domínios de particular relevância.
 

Na actual conjuntura, é crucial o ISCTE-IUL afirmar uma identidade científica clara: reforça a nossa posição na rede universitária portuguesa, em particular face à nova ULisboa, necessariamente mais generalista; reforça a nossa capacidade de participar criativamente em dinâmicas supranacionais de investigação e inovação, em primeira linha no quadro europeu do Horizon 2020; manifesta o nosso compromisso de responsabilidade social, na medida em que souber corresponder às preocupações das pessoas numa época de grave crise económica, social e política.
 

Os projetos subordinados às temáticas identificadoras coexistirão com iniciativas noutros domínios, cuja variedade garanta a nossa abertura face a questões emergentes e a nossa capacidade de renovação no futuro.
 

A construção da nossa identidade científica deve resultar de um processo participado de composição de iniciativas em curso ou em preparação no ISCTE-IUL. O que passa por uma sólida análise qualitativa destas e pela procura imaginativa de complementaridades interdisciplinares e intersectoriais, um exercício em que temos um rico património e um potencial extraordinário, por duas razões: proximidade e escala.
 

Neste processo, o Conselho Geral ocupa, estatutariamente, um lugar central. A sua composição garante a participação de representantes da colectividade onde o ISCTE-IUL se insere, a interação entre as suas quatro Escolas e entre os corpos que o constituem, e a articulação entre ensino, investigação e extensão universitária.
 

Não podemos antecipar os resultados deste processo. Mas é nossa convicção que o conjunto de domínios nos quais o ISCTE-IUL alcançou níveis de excelência – entre os quais a organização nas empresas e na administração pública, as novas formas de sociabilidade, as desigualdades sociais, as mudanças socioeconómicas, as transformações de territórios e cidades, as perceções dos novos riscos e a construção de normas, as tecnologias de informação e comunicação e a sua adaptação às nossas necessidades, a investigação nas telecomunicações – o qualifica para se especializar nas temáticas mais pertinentes e úteis para a sociedade nos tempos difíceis que enfrentamos.

sábado, 1 de junho de 2013

Competição versus cooperação e confiança

Imaginemos que a universidade era uma empresa (não é!). Imaginemos que geria os seus recursos humanos como uma empresa. Existiria um modelo único de gestão eficaz?

Recapitulemos. A pronunciada hierarquização, a comunicação de cima para baixo, a fraca auscultação das bases, a fixação de objetivos e metas de produtividade exclusivamente individuais, a decomposição do trabalho em tarefas parametrizáveis, são características fundamentais da empresa taylorista, há muito postas de parte pelas teorias avançadas de gestão.
A partir dos anos 1980, outras formas organizacionais foram difundidas na economia, muito em particular nos novos sectores que se baseiam na inovação e na geração de conhecimento. Estas novas formas privilegiam o trabalho em equipa, a mobilização da inteligência e iniciativa dos trabalhadores, a flexibilidade e inventividade nos procedimentos, o enriquecimento do trabalho, a atenuação dos níveis hierárquicos, a cooperação e a confiança no lugar da competição.
A procura de bem-estar dentro da organização tornou-se uma fonte de progresso social, e também de criação de inovação e de riqueza.
Porque, na sociedade do conhecimento, os mais hábeis gestores sabem que os ativos mais importantes de que dispõem são os seus trabalhadores, pelo que estimulam a aprendizagem permanente a nível individual e coletivo.
Agora imagine a tentativa de aplicar um modelo com ressonâncias tayloristas a trabalhadores doutorados - cuja criatividade depende da plena ação das suas capacidades intelectuais, da aptidão para colaborarem em equipas de ensino e de investigação, da confiança que depositam naqueles com que partilham as suas ideias e que, convenhamos, possuem uma elevada mobilidade com oportunidades a nível internacional.
Acha que isto pode resultar?

quarta-feira, 29 de maio de 2013

Avaliar a avaliação de desempenho

Não está em causa o facto de a avaliação do trabalho dos docentes e investigadores universitários ser indispensável, tanto para a prestação de contas aos que financiam as instituições como para a averiguação de desempenhos profissionais adequados.

Na universidade pública portuguesa, a avaliação de desempenho foi introduzida na sequência da avaliação praticada na função pública em geral. Consiste num instrumento de informação e controlo para uma gestão supostamente rigorosa dos recursos humanos. Foi neste sentido que o modelo foi discutido – também no ISCTE-IUL – e objecto de consulta com os sindicatos. No entanto, devido à atual crise financeira, apenas poderia ter efeitos assimétricos, neste caso punitivos; mesmo quem consiga obter classificações de muito bom ou excelente não pode usufruir de qualquer benefício. Mas a questão essencial é: este modelo estimula um trabalho académico e científico de qualidade, que cumpra a missão da universidade na nossa sociedade?

O modelo de avaliação agora aplicado na universidade portuguesa assenta, em grande medida, em critérios quantitativos e em noções de produtividade importadas de modelos empresariais de avaliação. Assenta na associação da meritocracia com a qualidade através de incentivos à produção quantificável. Mas não há aqui alguma contradição lógica?

Esta abordagem quantitativa à produção científica desrespeita os ritmos variáveis do trabalho científico, encoraja projetos com horizontes temporais curtos, e incentiva a padronização da produção científica.

E este modelo de avaliação, baseado na acumulação de pontos como base da progressão ou da mera sobrevivência, induziu dinâmicas de competição, sobretrabalho e auto-exploração prejudiciais ao trabalho científico e ao funcionamento da universidade.


Pensamos que é necessário avaliar o atual modelo de avaliação para construir um outro que respeite a diversidade de orientações disciplinares e de conceções da actividade universitária; que não sacrifique a busca da excelência à produtividade; que estimule a participação e a colaboração de docentes e investigadores em projetos de equipas e da própria instituição; que não sacrifique a importância do ensino. Que seja participado, objetivo e transparente.

Autonomia e descentralização

Neste domínio o ISCTE-IUL deve urgentemente mudar de rumo. Com efeito, verificou-se no último quadriénio uma centralização excessiva de funções e de informação na Reitoria, que se manifesta de muitas maneiras:

Nas unidades orgânicas de base:  1 – forma de designação dos diretores das unidades orgânicas que amplia os poderes discricionários do Reitor, com a maioria delas a terem de submeter vários nomes para escolha superior;

2 – apagamento dos Plenários de Departamento, espaços anteriormente privilegiados de informação e discussão;

Nos órgãos de consulta: 3 - marcação com muito pouca antecedência de reuniões relevantes (Senado, por ex.) que se converteram em meros rituais de apresentação de números e onde não existe debate digno desse nome;

No acesso à informação: 4 – inexistência de informação clara e acessível sobre assuntos vitais como a contratação e respetivas regras de repartição, a abertura de concursos, etc.

Nos procedimentos administrativos: 5 – A centralização de um vasto conjunto de procedimentos, como a autorização das deslocações de docentes e investiga-dores.

Na estrutura organizacional: 6 – Imposição, ou tentativa, de reconfigurações institucionais sem ouvir os próprios interessados e atropelando os seus direitos mais óbvios.

Estes problemas -  centralismo excessivo, não cumprimento das regras da democracia interna e opacidade – tornaram-se muito sérios. Não se resolvem apenas com a implementação de sistemas de informação de gestão e de contabilidade analítica, apesar de necessários. Nem melhorando a Intranet, apesar de indispensável.

Resolve-se transferindo competências para os verdadeiros órgãos intermédios, as Escolas, e restabe-lecendo os mecanismos de funcionamento democrático dos órgãos aos vários níveis.

A solução não é o empreendedorismo interno. É a democracia, a descentralização e maior autonomia. Só estas permitirão mobilizar o maior número de membros da instituição para os grandes desafios que temos de enfrentar.

A Questão do Reitor

A Lista D tem sido interrogada sobre o facto de, no quadro das eleições para o Conselho Geral, não apresentar um candidato específico à eleição para Reitor.

Reiteramos e fundamentamos aqui o que afirmámos durante o debate de dia 27 de Maio, com base na interpretação que fazemos da legislação em vigor: o RJIES, os Estatutos do ISCTE-IUL e o Regulamento do Conselho Geral.

1. O Conselho Geral é o órgão de definição do desenvolvimento estratégico e de supervisão do ISCTE -IUL (Estatutos do ISCTE, Artº15),

As competências do Conselho Geral são muito relevantes e a sua responsabilidade não se esgota na eleição do Reitor.

2. O Conselho Geral do ISCTE -IUL é composto por trinta e três membros, sendo (a) 17 representantes dos professores e investigadores, (b) 5 representantes dos estudantes, (c) 1 representante do pessoal não docente e não investigador e (d) 10 personalidades externas de reconhecido mérito, não pertencentes à instituição, cooptadas pelos membros eleitos (Estatutos do ISCTE-IUL, Artº16).

Todos os 33 membros do Conselho Geral participam nas decisões estratégicas do ISCTE que não devem ser determinadas unicamente pela vontade de uma parte dos 17 representantes do corpo docente. O mesmo vale para a eleição do Reitor.

Pela importância do Reitor, como órgão superior de governo e de representação externa do ISCTE -IUL, o processo de decisão conducente à sua eleição  deverá permitir a participação de todos os membros do Conselho Geral sem qualquer condicionamento à sua liberdade de escolha.

3. Após a cooptação dos membros externos do Conselho Geral inicia-se um longo processo, de mais de três meses, até à eleição do Reitor (Estatutos do ISCTE, Artº19).

Neste período os membros eleitos deverão reunir, convocados pelo primeiro elemento da lista mais votada do corpo dos professores. As personalidades externas, em número de 10, terão de ser propostas e cooptados.  O Presidente do Conselho Geral terá de ser eleito entre os membros externos por maioria absoluta. 

Ao Conselho Geral, em plenitude de funções, compete dinamizar um processo de eleição do Reitor, que deverá ser aberto, transparente e participado (Estatutos do ISCTE-IUL, Artº20). Terá de ser anunciado um concurso público internacional para promover a apresentação de candidaturas ao lugar. Os candidatos terão de ser entrevistados e seleccionados com base no seu mérito profissional e no programa de acção que se proponham vir a desenvolver para o ISCTE. Por fim os candidatos terão de ser votados.

De acordo com os estatutos, podem ser candidatos os professores e investigadores do ISCTE-IUL ou de outras instituições, nacionais ou estrangeiras, de ensino universitário ou de investigação.

Sabemos que no ISCTE-IUL existem colegas com condições para poderem assumir essas funções. Certamente que a nível internacional existirão mais.

É nosso objectivo facilitar a participação de todos os potenciais candidatos, promover uma análise objetiva dos respetivos currículos e dos programas de acção que forem propostos e eleger aquele que se mostrar mais habilitado para o desempenho do cargo.

Estamos conscientes que desta forma contribuímos para aumentar o nível de exigência, o grau de transparência e as opções de escolha.


Consideramos que um fundamento da democracia consiste na possibilidade de escolher os que sejam mais capazes de  servir aqueles que representam. Consideramos que a apresentação de um candidato a Reitor nesta fase é redutora e desvirtua o princípio de abertura e renovação da instituição universitária que o RJIES preconiza.

A Lista D deseja que esta eleição permita alargar a base de escolha, para o que se torna necessário eliminar as barreiras que condicionem as oportunidades de acesso aos diversos candidatos.

A Lista D assume o compromisso de contribuir para que o processo de eleição do Reitor seja transparente e objetivo, e de desenvolver esforços no sentido de o futuro Reitor ser o candidato mais bem habilitado para dirigir o ISCTE-IUL nos próximos 4 anos. Os membros da Lista D serão fiéis aos princípios expressos no seu Manifesto quando tiverem de se pronunciar sobre os candidatos a Reitor.

segunda-feira, 27 de maio de 2013

Internacionalização

No panorama atual universitário a Internacionalização reveste-se de uma importância reconhecida unanimemente.

Entramos numa nova era de cooperação universitária internacional, perante um mundo cada vez mais globalizado e perante os desafios do diálogo entre culturas

A participação do ISCTE-IUL na criação de novas redes de investigação e de ensino, bem como no fortalecimento daquelas já existentes é imperativa. Só assim se consolidará o desejável fluxo de conhecimento e de pessoas com o exterior.
 
Comemoram-se 25 anos do Programa ERASMUS, ou seja, 25 anos de incentivo à mobilidade de docentes e alunos. Vários outros programas, incluindo o TEMPUS, têm permitido alargar esta mobilidade a outros continentes. É importante continuar a promover a mobilidade de docentes, investigadores e alunos em todas as regiões do mundo, e o ISCTE-IUL deve participar nesta dinâmica de uma forma seletiva e estratégica.

As estruturas de apoio à internacionalização necessitam de ser reforçadas e profissionalizadas de forma a responderem eficazmente às necessidades dos investigadores, docentes e estudantes. Na perspetiva desta cooperação internacional tem-se dado ênfase ao uso do inglês. É uma opção acertada. Necessitamos de uma língua franca. Contudo, esta prioridade não deverá implicar um menosprezo das outras línguas e, logo, de outras culturas e formas de pensar. Aproveitar a enorme difusão da língua portuguesa – hoje a 6ª língua oficial mais falada no mundo – é não só um importante vetor estratégico para a internacionalização como uma condição para o desenvolvimento da própria língua. Intensificar as relações com outras línguas, além do inglês, por sua vez, é fator de criatividade e também de competitividade. Caminhamos não para a hegemonia de uma só língua, mas antes para a coexistência de uma língua veicular com uma crescente fluência em duas ou mais línguas.